Terça-feira, 24 de Janeiro de 2012

Tavas tão bem calado...



Cavaco diz que reforma poderá não chegar para as suas despesas
Questionado pelos jornalistas sobre o facto de poder receber subsídio de férias e de Natal pelo Banco de Portugal, Cavaco explicou:
«Tudo somado, o que irei receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas».


Cavaco recebe mais 2900 euros para despesas
Cavaco Silva recebe 2900 euros por mês para despesas de representação, noticia o jornal «i» desta segunda-feira. 
A verba está consignada em Orçamento do Estado – 4,5 milhões de euros por mês para este ano. Este dinheiro serve para o pagamento de despesas do gabinete de Cavaco Silva, Casas Civil e Militar e também para pagamento de despesas de anteriores Presidentes da República.
Os 2900 euros são acrescentados aos cerca de dez mil euros de pensões que o Presidente da República aufere.


Petição que pede demissão de Cavaco Silva tem quase quatro mil subscritores
Quase 4000 pessoas já assinaram a petição online que pede a demissão do Presidente da República, considerando que, perante a «falta de senso e respeito» das declarações sobre as suas pensões, não reúne condições para representar os portugueses.


Moedinhas no Palácio de Belém para «ajudar» Cavaco
«Traz uma moeda para o Presidente». O nome não engana: é mesmo para o que é que é. Trata-se de umflash mob que está a ser dinamizado nas redes sociais, esta segunda-feira, e que pretende levar ao final da tarde desta terça-feira ao Palácio de Belém todos os que pretendam ajudar a Presidência da República.
O objectivo do evento, marcado para as 17.30 horas, é «auxiliar este pobre reformado».
Como? «Com uma 'moedinha'».


PPM espera de Cavaco «arrependimento público» 
O PPM manifestou, esta segunda-feira, «condenação e repúdio» pelas declarações do Presidente da República relativamente ao valor das suas reformas e espera «arrependimento público».
«Sabendo que o rei D. Carlos doava 20% da sua dotação em 1892 como forma de se solidarizar com o país no âmbito do combate da crise que então o assolava, é triste ver que, 120 anos depois, o representante máximo da nação, ao invés de mostrar um esforço semelhante, como demonstração de solidariedade para com todo o povo português, queixa-se».


Declarações de Cavaco Silva «correram mal», diz Daniel Bessa
O economista Daniel Bessa, ex-ministro da economia de Guterres e um apoiante de Cavaco Silva, reconhece que o Presidente da República não esteve bem nas declarações feitas na sexta-feira quando admitiu que as reformas não chegam para as despesas que tem.
Daniel Bessa diz que também ele já errou. Nessas alturas paga um preço e espera que os amigos o avisem e o aconselhem para não repetir o erro.
Mas então, por onde andarão os amigos de Cavaco? Duarte Lima, Oliveira Costa ou Dias Loureiro, noutros tempos grandes amigos e conselheiros de Cavaco Silva, estão hoje ocupados com outras tarefas de superior importância: tentar não ir para ou sair da prisão... Compreende-se por isso que não estejam disponíveis para o aconselhar, mas não haverá sucessores à sua altura? É bem verdade que as grandes figuras são como os eucaliptos, secam tudo à sua volta...


Cavaco «não foi feliz», diz Marcelo
No seu comentário na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Cavaco Silva, ao falar sobre as pensões que aufere, quis «marcar um penalti para a baliza e saiu para a bancada».
Para Marcelo, o chefe de Estado pretendia passar a ideia que apenas ficou implícita de que também os privilegiados têm agora de fazer alguns cortes nas despesas.
«Queria dizer implicitamente que 'vejam, até eu, privilegiado', coisa que não disse e acho que estava subentendido, 'tenho de cortar', ou como disse Passos Coelho 'os sacrifícios são para todos'», explicou.


Palavras do PR foram um «insulto», diz Jerónimo de Sousa
«Sabendo que o Presidente da República beneficia de um rendimento de dez mil euros, as suas palavras são quase ofensivas para os ouvidos e a vida dos portugueses que não sabem como é que se hão-de governar com 200 e 300 euros de reforma», comentou.


Carvalho da Silva: PR mostra falta de percepção dos problemas do país
Cavaco Silva meteu-se numa «grande trapalhada face àquilo que são os seus rendimentos reais e a diferença entre eles e a situação em que se encontra grande parte da população».

Ex-candidatos à presidência chocados 
Em declarações à TSF, Fernando Nobre disse: «o que estarão agora a pensar os mais de 300 mil portugueses que têm reformas inferiores a 300 euros»?
Por sua vez, Francisco Lopes afirmou: «Uma vez que a acumulação de reformas que tem pode atingir cerca de 10 mil euros, dizer que este valor não dá para pagar as suas despesas por parte de alguém que tem apoiado todas as medidas de corte de salários, de subsídios, de pensões de reforma, não deixa de ser profundamente insultuoso».
publicado por Mário Pereira às 10:31
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Quinta-feira, 19 de Janeiro de 2012

Volta meia hora, que estás perdoada!

Pronto, a partir de agora já não vai haver desculpas para os patrões. Com este novo pacote de legislação laboral, as empresas, que, como todos sabemos, já não tinham nenhuma dificuldade em punir ou despedir trabalhadores, passam a poder fazer praticamente tudo o que lhes der na real gana. Quanto aos trabalhadores, só têm que agradecer enquanto ainda tiverem trabalho, porque a tendência é para ele se ir tornando um bem cada vez mais escasso.

Não deixa de ser irónico o argumento apresentado para este ataque brutal aos direitos de quem ainda tem trabalho: a percepção que os nossos "parceiros europeus" têm da nossa legislação laboral. Sim, apesar de todos sabermos que não é por causa das leis que as nossas empresas não conseguem ser competitivas, os nossos parceiros, que nunca antes desta crise tinham olhado para nós e não conhecem nada deste País, acham que sim. E acham que sim porque não sabem que as leis em Portugal são feitas com montes de armadilhas, para que seja possível aos mais espertos (leia-se mais abonados) não as cumprirem. E porque não encontram outra explicação para o colossal fracasso deste jardim à beira-mar plantado, apesar dos milhões que recebemos desde a nossa entrada no "clube dos ricos".
Pois eu digo que é preciso ir mais fundo. A destruição do nosso tecido produtivo (agricultura, pescas, indústria...) deve-se muito à corrupção no aproveitamento indevido dos subsídios europeus, mas também a uma clara opção de quem agora advoga a necessidade de retornarmos ao mar e à agricultura. Porque nos foi dito, durante anos, que o nosso futuro seria o turismo e os serviços. Essa gente tem nome. Um deles, o principal, até é presidente da república.
Uma coisa é certa: os trabalhadores portugueses são unanimemente considerados bons em todos (e muitos são) os países do mundo em que vivem e labutam diariamente. Não será, portanto, por eles que as empresas não são competitivas e a economia está estagnada há mais de uma década. Nos primeiros anos da CEE, só crescemos porque entraram muitos milhões e se fizeram muitas obras públicas e muitas casas. Esse tempo acabou e os empresários não quiseram ou não souberam percebê-lo a tempo. Acabaram os fundos europeus e acabou a capacidade de os cidadãos portugueses se endividarem para adquirir casa. Toda a gente sabia que este dia chegaria um dia, mas é a tal história: enquanto um negócio dá, investe-se nele. Depois, quem cá ficar que feche a porta...
É evidente (mas para que todos percebam ainda vai ser preciso afundarmo-nos mais um pouco) que estas medidas também vão fracassar, porque o nosso verdadeiro problema é falta de organização e  inovação na maioria das empresas. Que adianta termos cada vez mais licenciados, se os empresários não os querem, ou se os querem é apenas porque lhes pagam ordenados de miséria e não os sabem enquadrar? Toda a gente já ouviu empresários (e trabalhadores) dizerem que "este engenheirolas tirou um curso mas não percebe nada disto". Mas o mesmo engenheirolas, numa empresa estrangeira, afinal percebe. Outra boca habitual: "oh pá, sempre trabalhei assim, não és tu quem me vem agora dizer o que hei-de fazer".
As nossas empresas têm que começar a ser geridas por quem sabe e não simplesmente pelos donos. Porque a verdade é que a maioria dos nossos empresários continua a ter baixas qualificações e recusa-se ou é incapaz de evoluir ou de delegar funções, porque "na minha empresa mando eu, porque eu é que a criei, com muito suor e muito trabalho". A maioria das empresas vai-se abaixo a partir da segunda ou terceira geração, simplesmente porque não evolui. Essas empresas nasceram e cresceram à custa do muito trabalho dos seus donos (e não só...), mas chegam a um ponto em que é preciso mais qualquer coisa, em termos estratégicos e de gestão. A par disto, torna-se insustentável a descapitalização e o endividamento galopantes decorrentes do nível de vida exageradamente elevado das respectivas famílias, nomeadamente com aquisição de carros topo de gama, férias no estrangeiro e casas luxuosas.
Conclusão: ao pé deste "acordo" (acho piada ao termo, se considerarmos que, de todos os membros da pomposamente chamada "concertação social",  apenas a UGT esteve em representação dos trabalhadores, ou melhor, de uma pequena parte dos trabalhadores), ao pé deste acordo, dizia, a meia hora a mais não passava de uma brincadeira de crianças. Era clarissimamente muito menos penosa para os trabalhadores. Mas pelo menos assim não resta mais nenhuma desculpa para a falta de competitividade das nossas empresas. De qualquer forma, se for preciso (como vai), daqui por algum tempo, ainda se pode acabar por aumentar não meia, mas uma ou duas horas diárias e/ou baixar os salários, por exemplo, com a eliminação dos subsídios de férias e de Natal. Se entretanto as pessoas não começarem a morrer de fome, pode ser que então, finalmente, as nossas empresas se tornem competitivas. Afinal, não é assim que a China o está a conseguir?

publicado por Mário Pereira às 22:12
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É por estas e por outras...

Tem-se falado muito no ordenado principesco que o Catroga vai receber na EDP. Uns criticando, outros defendendo. Estes últimos, principalmente com dois argumentos: o seu currículo e o facto de a EDP ser uma empresa privada, portanto sem possibilidade de interferência por parte do Governo na sua nomeação.

Quanto ao seu currículo, não serei eu a pô-lo em causa, até porque não o conheço. Nem eu nem a grande maioria das pessoas. Ou seja, não será assim tão fantástico. Mas sei que gestores há muitos e ex-ministros das finanças (e não só) também. E sei que os cargos políticos em Portugal, que não são extraordinariamente bem pagos, constituem na verdade um investimento, por parte de algumas (muitas) pessoas, uma forma de enriquecerem os seus currículos e poderem mais tarde ser nomeados para outros cargos, normalmente não executivos (isto é, que não dão muito trabalho), esses sim muitíssimo bem pagos. Muitas vezes em empresas públicas, noutras em empresas que, não o sendo, mantêm com o Estado relações e/ou negócios de grande cumplicidade. Depois, quem se lixa é o mexilhão, que paga para toda esta gente viver à grande, sem nada produzir.
Quanto a isto, nada de novo, a nossa história está cheia de casos destes. Parece uma fatalidade, termos que sustentar esta canalha de auto-intitulados "ilustres", que se farta de mamar na teta do Estado.
Já agora, a EDP é privada, mas numa actividade em que a premissa básica da economia de mercado, a concorrência, não existe. Ou seja, é um monopólio. Assim, até eu a conseguia pôr a dar lucro. A ERSE (enquanto não acaba), vai aumentando as tarifas o que for preciso para haver lucros com fartura para satisfazer os accionistas. Já o mexilhão... 
Conclusão: não podemos esperar que estas sanguessugas decidam parar de assaltar o erário público por sua alta recreação. As recentes nomeações assim o comprovam, e ainda a procissão vai no adro. Basta relembrar o discurso de Sócrates, durante os primeiros meses do seu consulado, e a prática que se lhe seguiu, para perceber que a história se repete. À medida que o tempo for passando, os boys e asgirls, esfomeados por seis anos longe do poder, instalar-se-ão confortavelmente em todo o aparelho do Estado. A solução para esta criminosa atitude predatória, por parte de alguns, dos bens de todos tem que ser a força. As pessoas, cada um de nós, tem que se mentalizar que não podemos permitir que isto continue. Temos que protestar, exigir, manifestar a nossa indignação, lutar, em vez de encolhermos os ombros e limitarmo-nos a deixar de ir votar, porque "os políticos são todos iguais". É precisamente com essa atitude de indiferença que os abutres contam para poderem continuar a delapidar o património de todos.
É por estas e por outras que chegámos à beira do precipício. Falta-nos dar o passo decisivo. Para a frente ou para trás, eis a questão...

publicado por Mário Pereira às 22:11
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