O presidente do BPI - que este ano já deu mais de 100 milhões de lucro - não quer que seja posta em causa a constitucionalidade do Orçamento Geral do Estado, porque "não podemos estar sujeitos à ditadura do Tribunal Constitucional".
Alguns empresários têm dito repetidamente, a propósito das greves que vão ocorrendo, nomeadamente nos transportes e nos portos, que, "sem querer pôr em causa o direito que as pessoas têm de as fazer", é necessário travá-las, porque "dão cabo do país".
Diversos banqueiros, empresários, políticos e comentadores têm alertado para a necessidade de alterar a Constituição, pois esta é "um travão" às "medidas de austeridade necessárias" para recolocar no "rumo certo" este país que "tem vivido acima das suas possibilidades".
O direito à greve, o Tribunal Constitucional e a própria Constituição surgem assim como as novas "forças de bloqueio".
O estado social, os direitos adquiridos, o direito à educação, à reforma, à protecção no desemprego e na doença, tudo isto e muito mais está em causa.
O Gasparzinho ataca as reformas, o subsídio de desemprego, as baixas e o RSI.
O próprio direito à alimentação está em causa, como se comprova pelo alarmante aumento de pessoas que têm que recorrer à sopa dos pobres.
Para grande alegria do primeiro-ministro, dos bancos e até, pasme-se, da Igreja, são aos milhares os portugueses que têm que sair do país para poderem trabalhar.
Aqui e ali, algumas pessoas vão ficando sem telefone, sem internet, sem televisão ou simplesmente sem electricidade, por falta de pagamento ou por causa dos repetidos furtos de cobre. Outras vezes, são as tampas dos esgotos e das sarjetas que são levadas, deixando as estradas com buracos extremamente perigosos para quem nelas circula. Assaltos a multibancos, são quase diários.
Ferreira Leite chegou a defender a suspensão da democracia como única forma de se conseguir equilibrar as contas. Na última vez que isso aconteceu, a "suspensão" durou, não seis meses, mas sim quarenta e oito longos anos.
Entretanto, o ex-secretário de Estado das obras públicas Paulo Campos, talvez amuado por ainda não ter conseguido um tachão numa empresa das PPP, queixou-se publicamente de ter que viver à custa dos papás, porque 3500 euros por mês não lhe chegam.
O próprio presidente da República também diz que dez mil euros por mês são insuficientes para as suas despesas, apesar de ter carro, cama, mesa e roupa lavada. As más línguas (credo!) dizem que gasta mais do que o rei "caça elefantes" de Espanha.
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