Quinta-feira, 24 de Novembro de 2011
Assunção Esteves teve acidente de viação
Isto já nem é notícia, é mais velhícia, pois os factos ocorreram em Agosto. Mas, como se trata da titular do segundo mais alto cargo da nação, tem a sua importância.Parece que a senhora circulava tranquilamente no seu bólide em Faro, com certeza no gozo de merecidas férias para recuperar do muito (muitíssimo...) trabalho que desenvolve no seu dia-a-dia, em que contribui com o seu enorme e decisivo esforço e com o seu exemplar exemplo (passe o pleonasmo) para endireitar de vez este pobre País. Trabalha tanto que se reformou aos 42 anos, ou seja, até essa idade conseguiu trabalhar o suficiente para se reformar, enquanto as pessoas normais só o conseguem aos 65 anos. Isto só foi possível - sei-o de fonte segura -, por Assunção Esteves ter trabalhado 24 horas por dia (fora a noite), durante oito anos, como juíza do Tribunal Constitucional, cargo para que foi convidada em virtude do seu extraordinário currículo. Na verdade, com 32 anos, já estava licenciada, contrariamente ao Sócrates, ao Vara, ao Seguro e até, imagine-se, ao Passos Coelho. E mais: não consta que tivesse concluído essa licenciatura a um domingo e muito menos por fax. Apesar de reformada, ciente da indispensabilidade da sua contribuição para o desenvolvimento do País, continuou a labutar sem desfalecimentos, primeiro como deputada e actualmente como Presidente da Assembleia da República. Mais: generosa como é, Assunção Esteves trabalha de borla. Pois, é verdade, abdicou de receber o ordenado de 5.219,15 euros, mantendo, apenas, o direito a ajudas de custo no valor de 2.133 euros. É claro que as más línguas dirão que os 7.255 euros de pensão que recebe por oito anos de trabalho como juíza do Tribunal Constitucional não são acumuláveis com esse salário e que por isso é que ela optou pela pensão, que é mais elevada. Enfim, para esses velhos do Restelo é-se preso por ter cão e preso por não ter. Por falar em cães, estes ladram e a caravana passa.
Com certeza devido ao enorme cansaço, mais, quase total esgotamento físico e psicológico derivado da sua lendária obsessão pelo trabalho (é já um case study nas melhores universidades de todo o Mundo), não conseguiu travar a tempo o carro onde seguia sozinha (os seus motoristas também têm direito a férias) "e embateu numa viatura, que tinha travado para uma idosa atravessar a passadeira". Este automóvel embateu no carro à sua frente "e este atingiu a mulher, que ficou ferida com gravidade e foi transportada para o Hospital de Faro", escreveu na altura o Correio da Manhã. Agora imaginem a velocidade a que a excelentíssima senhora circulava. Reparem: bateu no carro que estava parado à sua frente. Este, por sua vez, bateu noutro que tinha parado para uma idosa, uma mulher (nem senhora é), atravessar uma passadeira e, em consequência, a dita cuja foi atropelada com gravidade. Que velocidade será necessária para fazer semelhante estrago? Aceitam-se apostas. Ou seja, tem um ritmo de vida tão rápido que, mesmo de férias, não tira o pé do acelerador.Graças ao Altíssimo (bem haja), sempre justo, sempre atento aos mais necessitados, nem Assunção Esteves nem qualquer um dos outros condutores sofreram qualquer ferimento. Foi mesmo só a velha. Coitada, mas também já cá não faz falta nenhuma, não é? Velhos há para aí com fartura. E, no fundo, até teve sorte, porque podia ter morrido.Ou seja, tudo está bem quando acaba bem.