chegou-me ao conhecimento que a multinacional americana KFC, além das asas de frango fritas, também vende na China (só?) pastéis de nata ou de Belém, como se pode comprovar na foto do mesmo blogue, que reproduzo com a devida vénia.
Como parece que os chineses não são muito dados aos produtos lácteos, nem aos ovos frescos, sugere o autor que para lá comecemos a exportar um doce menos perecível, como a cavaca. Já agora, quando exportarem a cavaca, levem também o... pois. Ninguém o queria, não é? Pois, outra vez.
A triste realidade é esta: se nós, por obra e graça do Espírito Santo, começássemos a exportar os nossos fantásticos doces por esse Mundo, e admitindo que eles tinham sucesso, em pouco tempo apareceriam as grandes cadeias internacionais de distribuição a "apropriar-se" das receitas e a vender esses produtos com muito mais sucesso do que nós próprios. O mesmo se aplica aos nossos enchidos ou queijos, em relação aos quais já o viajado Eça de Queiroz garantia (e com razão, digo eu) que se batiam com os melhores queijos franceses ou suíços.
Para produzir em larga escala, não temos dimensão. Restar-nos-ia, então, fazer uma boa divulgação destes e de tantos outros produtos de excelência que temos no nosso País e vendê-los como produtos "gourmet", a preços elevados. Esta sim, poderia ser uma boa opção, desde que não houvesse logo uns portugueses (e/ou estrangeiros, nomeadamente chineses, pois claro) a falsificar esses produtos e com isso a desqualificá-los irremediavelmente.
Isto faz-me lembrar uma pequena mercearia que visitei em Paris há mais de vinte anos, propriedade de um emigrante português, que vendia desde o bacalhau ao vinho tinto, passando pelas hortaliças, enchidos e azeite, até alguns doces. Tudo português, fresco e de boa qualidade. Para isso vinha cá ele todas as semanas, às vezes mais que uma vez, abastecer-se. Na altura, o homem tinha sucesso com o seu pequeno negócio, porque a melhor publicidade que existe, que é a "boca-a-boca" (salvo seja), funcionava eficazmente entre a vasta comunidade portuguesa radicada na cidade luz. Mais: os próprios franceses que, por acaso ou através de amigos lusitanos, iam tomando conhecimento da pequena e atravancada loja, também contribuíam significativamente para que o negócio corresse de vento em popa.
E é assim o negócio, quando tem sucesso: ou continua pequeno, com ênfase na excelência dos produtos, ou se amplia, compensando-se a inevitável perda de qualidade com um substancial aumento da... quantidade.
Há clientes para tudo.
Assim houvesse em Portugal gente com capacidade para divulgar os fantásticos produtos que por cá se fazem.